Há que ser frontal! Estou muito desagradado com a Proaventuras. O Dura Trail na Serra da Arrábida não foi o que eu estava a espera.
Na semana anterior participei no UTAX – Ultra Trail Aldeia de Xisto, K75 e 11h18 naquele cenário magnifico da Serra da Lousã.
Depois de ter sido dispensado do voluntariado da minha equipa O Mundo da Corrida, no Trail do Piodão, optei por não fazer esta deslocação e ir competir, seria muito mais prudente ficar por casa e fazer um treino de recuperação na Serra da Arrábida.
O Carlos Couto tinha comentado comigo que ia haver um free trail na Arrábida organizado pela ProAventuras.
Magnifico – Pensei, aproveito para fazer o meu treininho
Enviei um email ao Rui Barbosa informando da minha intenção.
E aqui é que começam “os problemas”…
Durante a semana começo a desconfiar, recebi dois ou três email com informações importantes sobre alterações ao traçado e adicionais sobre a prova.
– Que estranho não é habitual manterem os atletas tão bem informados.
Chega o dia da prova. Vou ao secretariado e em menos de um minuto, confirmam a presença, a distância e entregam o dorsal (daqueles á maneira, que nem o furacão Katrina dá cabo), venho cá para fora, eles tiram-me fotos dão-me musica…
– Ui, não estou a gostar disto!
Aproxima-se a hora, check-in e todos para dentro da zona de partida, briefing com indicações sobre a prova e sobre a partida (como medida de segurança a partida seria liderada por elementos da proaventuras)
E assim foi, lamentavelmente o Migo do Paulo Pires, e o Lopes do Carlos Couto não respeitaram as medidas de segurança e cedo procuraram a liderança, já se sabe como são os cães.
Mas o pior ainda estava para vir.
Começamos a subida para o forte de S. Filipe, o ritmo abranda, e começo a caminhar, vejo o pessoal continuar em trote ligeiro.
– Perfeito, mesmo como estava a espera. Isto vai ser uma bela caminhada até á meta.
Chegados ao forte, desvio para trilho, esquerda, direita, sobe e desce, muita dinâmica um fantástico carrossel.
– Não estava a contar com isto, deixa lá curtir um bocado e acelerar a passada.
Sobe, desce, entra em rio, sai de rio, abastecimentos surpresa e carrossel, subidas duras e descidas alucinantes, montes de voluntários sempre no sítio certo.
Quatro postos de controle e mais um abastecimento…
O desafio, já me tinham dito, seria a subida ao posto de vigia na Serra de S. Luis por trilho técnico.
– Para irmos a S. Luis vamos ter que passar a nacional 10, duas vezes…Que perigo!!!
Quando chego á N10 surge o primeiro voluntário, “Mantenha-se encostado à esquerda e continue até ao meu colega que esta mais à frente”
Quando cheguei ao colega, este tinha uma placa vermelha na mão e manda parar o trânsito.
-WHAT!!!
Passo sem perigo para o outro lado. Subida ao alto da Vigia com direito a foto no topo, descida pelo estradão e fitas, fitas, fitas tudo impecavelmente marcado.
O próximo objetivo seria a calçada romana nesta altura já ia desenfreado mas tinha que atravessar novamente a N10.
Quando chego à N10, os suspeitos do costume. “Alto e para o trânsito” – dizem eles.
Passo novamente em segurança, calçada romana com ele.
Outro abastecimento, mais fotos, não paro, já ia com os olhos esbugalhados e com pinta de alucinado.
– Isto é para correr. Siga.
Estou quase a chegar à meta, mas antes teria que passar pela praia da saúde e atravessar alcatrão.
– Agora já não me enganam – pensei eu. De certeza que estará algum voluntário na estrada. Dito e feito. Passei em segurança.
Quando torno a entrar em trilho, saúdo um tipo da organização num 4×4 pela terceira vez.
– Acho que este tipo deve andar a seguir-me…
Agora aqui chegado, começa uma nova história.
Esta organização dá-me um brutal single track, luxuriante, com curvas e contra-curvas, um espetaculo.
Aqui já vou a gritar para que saiam da frente. Já ia completamente alucinado.
Por fim, á saída do trilho, a praia, o mar e Troia…
– Brutal!
Quase na meta, saio da praia, vou entrar novamente no alcatrão, duas voluntarias avisam-me que tenho que correr junto dos pinos que delimitavam a zona corrível.
Novamente um voluntário indicava-me que devia descer para o parque urbano de Arbaquel zona de meta.
Cheguei!!!
Esta organização dá-me talvez o melhor trail curto que fiz este ano depois da tareia no UTAX, obriga-me a correr este fantástico percurso de K32 em 3h34… não pago nada e ainda como um bolo que faria a minha avó corar de inveja…
Eu que vinha só para treinar!!!
Não se faz.
😉
🙂 muito bom. Excelente artigo. Isso não se faz …
Parabéns pelo testemunho… Foi sem duvida uma grande prova… para o ano estamos la novamente…:)